A
idéia do homem como construtor de si mesmo marca o pensamento renascentista e
coloca o humanismo como um projeto pedagógico de intenso alcance social. O
quadro "A escola de Atenas", de Raphael, pode ser considerado a representação
de uma síntese do pensamento renascentista, ou seja, a tentativa de unificar a
metafísica e a filosofia da natureza. O Renascimento não é a renascença da
civilidade contra a barbárie, do saber contra a ignorância, mas o nascimento de
uma civilização diferente, fundada num individualismo prático, no naturalismo
filosófico e num aguçado gosto artístico. De modo geral, pode-se dizer que o
século XV configurou um pensamento sobre o homem, e no século XVI esse
humanismo foi ampliado com um pensamento sobre a natureza. Portanto, entre a
Idade Média e o Renascimento não há nem ruptura, nem continuidade, mas
diversidade de interesses e de proposições, sobretudo uma diferença de nível
histórico-crítico do conhecimento que os humanistas tiveram com relação às tradições
latina e grega (REALE & ANTISERI, 1990).
Nesse
projeto, a educação do corpo assume um papel significativo na história da
idéias pedagógicas do Ocidente. Há na cultura renascentista formas de educação
do corpo divulgadas pelos manuais pedagógicos, por exemplo o tratado A
civilidade pueril, de Erasmo de Roterdã (1978), no qual encontramos
importantes reflexões sobre a educação dos gestos. As atitudes exteriores não
são gestos superficiais, inúteis ou desnecessários, elas revelam o homem interior,
por isso a educação deve preocupar-se com esses aspectos. Os tratados de
civilidade descreviam, em versos fáceis de serem fixados na memória e no corpo,
a forma de bem se conduzir em sociedade, numa época em que se vivia sempre em
conjunto, no seio de uma comunidade restrita, de limites bem precisos.
Acessado em 04 de abril de 2014.
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